segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Coisas garantidas até deixarem de o ser...

Há uns dias estava eu no café quando um amigo meu perguntou-me se eu sabia qual era a capital da Tailândia. Banguecoque disse de imediato como se fosse a coisa mais certa do mundo. Errado. Mas eu tenho a certeza absoluta que é. Errado. Calma, eu tenho a certeza absoluta, não posso estar errado, é sim, é garantido. Errado. A capital da Tailândia é Grung Tape. Fui ver e é de facto Grung Tape e senti aquela sensação de ter apostado tudo e falhar. É o problema do garantido, aquelas coisas que damos por garantido, factos, sentimentos, pessoas. É garantido não pode falhar, até falhar… É um problema tridimensional:
- damos algo como garantido e acabamos por reflectir isso no comportamento,
- perdemos aquilo que era garantido e ficamos confusos,
- no fim sentimos falta daquilo que era garantido e finalmente damos valor aquilo que era garantido e deixou de o ser.
Isto é típico do ser humano, mas sempre me fez confusão (não quer dizer que já não tenha cometido esse erro). Basicamente temos a tendência para não dar atenção a algo ou alguém só porque está garantido, depois ficamos muito chateados porque perdemos algo e com toda a certeza a culpa não é nossa, o garantido é que mudou. Mais tarde sim, sentimos falta do garantido e aí, aí sim, aí é que merda bateu na ventoinha. Complicado o ser humano. Já passei pelas duas faces da moeda, já dei um facto como garantido e esse facto acabou por não ser assim tão garantido, e já alguém me deu como garantido, e também acabei por não ser assim tão garantido. Que fazer: não dar nada como garantido, questionar tudo (não, espera, isso é para a aula de filosofia) ficamos pelo não dar nada como garantido, nem mesmo Banguecoque, ou melhor Grung Tape.

2 comentários:

Meireles disse...

epá puto fantástico este comentário.Tudo verdade.Nunca devemos nunca dar algo por garantido. Nunca te podes acomudar às situações porque mais cedo ou mais tarde o alguém que, pensaves tu ser garantido, passa a ser apenas uma miragem...e eu sei do que estou a falar.

Anónimo disse...

Excelente analogia!

Eu estava lá...e teria metido todo o meu dinheiro em Bangkok.

Um bom exemplo de que dar certas coisas como garantidas, é dar a dar a ponta do tapete para o tirarem debaixo dos nossos pés.

Agora, eu acredito que questionar muito e bem é uma virtude, em demasia rouba-nos tranquilidade, bem estar, e até alguma sanidade. (preservem a que resta!!)