domingo, 5 de abril de 2009

Perguntas sem respostas

A minha relação com a comunicação social nunca foi a mais saudável. Sinceramente não gosto muito deles, e daquela carinha que fazem do género "só estamos aqui para dar a conhecer a todos a verdade e a realidade" e depois aparecem gajos como o Sr. Tavares Teles... mas também tenho de ser justo, há maus profissionais em todo o lado, porque haveria a comunicação social ser diferente. E claro também há excelentes profissionais. Um deles chama-se Mario Crespo, pessoa pelo qual nutro grande respeito. Estive para fazer o post com base na noticia que li num jornal onde o Sr. Mario Crespo trabalha, mas depois pensei: isto está tão bem escrito que vou mas é copiar tudo. Então cá vai, de 30 de Março de 2009, coluna de opinião do Sr. Mario Crespo. Respeito.

"Porque é que o cidadão José Sócrates ainda não foi constituído arguido no processo Freeport? Porque é que Charles Smith e Manuel Pedro foram constituídos arguidos e José Sócrates não foi? Como é que, estando o epicentro de todo o caso situado num despacho de aprovação exarado no Ministério de Sócrates, ainda ninguém desse Ministério foi constituído arguido? Como é que, havendo suspeitas de irregularidades num Ministério tutelado por José Sócrates, ele não está sequer a ser objecto de investigação? Com que fundamento é que o procurador-geral da República passa atestados públicos de inocência ao primeiro-ministro? Como é que pode garantir essa inocência se o primeiro-ministro não foi nem está a ser investigado? Como é possível não ser necessário investigar José Sócrates se as dúvidas se centram em áreas da sua responsabilidade directa? Como é possível não o investigar face a todos os indícios já conhecidos? Que pressões estão a ser feitas sobre os magistrados do Ministério Público que trabalham no caso Freeport? A quem é que o presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público se está a referir? Se, como dizem, o estatuto de arguido protege quem o recebe, porque é José Sócrates não é objecto dessa protecção institucional? Será que face ao conjunto de elementos insofismáveis e já públicos qualquer outro cidadão não teria já sido constituído arguido? Haverá duas justiças? Será que qualquer outro cidadão não estaria já a ser investigado? Como é que as embaixadas em Lisboa estarão a informar os seus governos sobre o caso Freeport? O que é que dirão do primeiro-ministro de Portugal? O que é que dirão da justiça em Portugal? O que é que estarão a dizer de Portugal? Que efeito estará tudo isto a ter na respeitabilidade do país? Que efeitos terá um Primeiro-ministro na situação de José Sócrates no rating de confiança financeira da República Portuguesa? Quantos pontos a mais de juros é que nos estão a cobrar devido à desconfiança que isto inspira lá fora? E cá dentro também? Que efeitos terá um caso como o Freeport na auto-estima dos portugueses? Quanto é que nos vai custar o caso Freeport? Será que havia ambiente para serem trocados favores por dinheiros no Ministério que José Sócrates tutelou? Se não havia, porque é que José Sócrates, como a lei o prevê, não se constitui assistente no processo Freeport para, com o seu conhecimento único dos factos, ajudar o Ministério Público a levar a investigação a bom termo? Como é que a TVI conseguiu a gravação da conversa sobre o Freeport? Quem é que no Reino Unido está tão ultrajado e zangado com Sócrates para a divulgar? E em Portugal, porque é que a Procuradoria-Geral da República ignorou a gravação quando lhe foi apresentada? E o que é que vai fazer agora que o registo é público? Porque é que o presidente da República não se pronuncia sobre isto? Nem convoca o Conselho de Estado? Como é que, a meio de um processo de investigação jornalística, a ERC se atreve a admoestar a informação da TVI anunciando que a tem sob olho? Será que José Sócrates entendeu que a imensa vaia que levou no CCB na sexta à noite não foi só por ter feito atrasar meia hora o início da ópera?"

E as respostas?

4 comentários:

D.J disse...

Epá eu tenho uma das respostas.... O Presidente da República não convoca o conselho de estado porque nele está um senhor chamado Dias Loureiro que apesar de todas as provas contra ele também ainda não foi constituido arguido no caso BPN, portanto a imparcialidade não seria muita....
Quanto ao resto... é vergonhoso mas mais uma vez é a justiça que temos, que arrasta processos cruciais durante anos, deixa que um juiz admita conhecimento sobre corrupção, sabeo inclusivé o preçário sem que lhe aconteça nada, que nuns casos considera uma prostituta imputável, a não ser que seja contra ela própria... É o estado da justiça, que reflecte o estado do país...

Insano disse...

Ele não trabalha lá. Ele trabalha connosco. Escreve é para o jornal.
Insiste queo tratemos por "tu". Como é que se trata uma lenda destas na segunda pessoa do singular?

C.C. disse...

É verdade DJ, infelizmente os nossos governantes têm sido do pior, a começar pelo pseudo engenheiro...

C.C. disse...

Calma Insano não sejas possessivo... lol